Docente da UFCSPA é destaque em produção literária

As obras escritas pela professora Ana Carolina da Costa e Fonseca se destacam na crônica e na literatura infantil

O ano de 2024 marcou a carreira e a vida da professora Ana Carolina da Costa e Fonseca, finalista e/ou vencedora em seis diferentes premiações de literatura e que teve uma das suas crônicas publicada em antologia da Associação Gaúcha de Escritores (AGES).

Em conversa com a Assessoria de Comunicação da UFCSPA, a professora, que se destaca na crônica e na literatura infantil, fala sobre sua trajetória literária e como foram determinantes algumas passagens de sua vida, como um importante estímulo na infância e o nascimento do seu filho, há seis anos.

UFCSPA – Professora, pode nos passar um breve histórico da sua relação com a escrita? 

Profa. Ana Fonseca – Eu escrevo desde criança. Escrevi o primeiro livro com 8 ou 9 anos. Eu fiz uma oficina de confecção de livros na Biblioteca Lucilia Minssen, quando ela ainda ficava em um prédio em frente à Santa Casa. Eu escrevi a história e fiz o livro, as ilustrações. Tudo! Era um livro com abas, escrito à mão. Foi uma experiência inesquecível que, ao longo dos anos, forjou a escritora que sou hoje.

Quando eu entrei na Faculdade de Direito da UFRGS, no início dos anos 1990, comecei a escrever textos acadêmicos. Eu tive bolsas de iniciação científica e publiquei alguns artigos de divulgação também. Continuei lendo muito e lembro de usar exemplos literários para ilustrar trabalhos acadêmicos, mas fiquei alguns anos sem escrever literatura. Quando eu já estava no mestrado, entrei no grupo de escrita criativa do Charles Kiefer e deixei a escritora aflorar novamente. Durante o doutorado, cheguei a publicar e traduzir alguns contos, publiquei também um livro de contos. E segui publicando artigos acadêmicos sobre temas de Filosofia.

Os anos se passaram, eu me tornei professora de Filosofia na UFCSPA, criei e dirigi a Editora da UFCSPA por seis anos, período durante o qual editei e publiquei 45 livros. Durante a pandemia, criei e sigo coordenando com a professora Claudia Bica o Castelinho de Livros, que já publicou mais de 40 livros para crianças e adolescentes sobre temas de saúde e humanidades. Todos estão disponíveis para download gratuito.

Mas o decisivo para minha nova fase como escritora foi o nascimento do meu filho, Arthur, há seis anos. Já durante a gravidez, comecei a comprar para ele livros infantis que eu gostaria de ter tido quando criança e outros mais. Quando ele nasceu, comecei a ler para ele. Um por um. Eu leio com meu filho todas as noites, sempre mais de um livro por noite. Às vezes, chego a ler dez livros em uma noite. Nossa biblioteca de literatura infantil já tem mais de 3 mil livros. Em certo momento, tive vontade de contar minhas próprias histórias para ele. O resultado disso? Já publiquei oito livros infantis e tem mais alguns que serão publicados em breve. Acabei mergulhando tanto no universo da literatura infantil, que, movida pelo desejo constante de aprender, fiz uma pós-graduação lato sensu na área.

Com minhas palavras, fui finalista e ganhei alguns prêmios literários importantes. Perdi a conta do total de livros que escrevi, organizei, editei e participei como co-autora, mas são, certamente, mais de cem livros publicados. E tem mais a caminho!

UFCSPA – Numa ocasião anterior, você ressaltou que “literatura destaca cada vez mais a diversidade humana em suas muitas formas de expressão”. Nos fale mais sobre isso e como sua escrita atua nessa direção?

Profa. Ana Fonseca – Cada vez mais, reconhecemos a diversidade humana e a pluralidade da diversidade. Somos diferentes de muitos modos. Que bom que somos assim! E que bom que a diversidade está se apresentando ao mundo também pela arte, o que inclui a literatura. Não esperamos mais que as pessoas sejam de um certo modo. Ou, ao menos, já sabemos que não deveríamos esperar isso. Faz cada vez mais sentido perguntas sobre quem somos, quem são os outros, quem queremos ser, quem os outros querem ser. Existência e construção se mesclam como nunca! A diversidade não está apenas nas escolas e universidades, com a tal da “inclusão”. Ela está também nas palavras e nas imagens dos livros que são lidos com crianças e adolescentes. Por isso, receber o Prêmio Nelly Novaes Coelho, organizado pela União Brasileira de Escritores, a UBE, e pelo Grupo de Pesquisa Produções Literárias e Culturais para Crianças e Jovens (FFLCH-USP) é tão significativo. “Melro-d’água”, texto que escrevi e que foi vencedor do Prêmio, é escrito seguindo o fluxo de consciência de uma jovem autista, assim como eu. Sua maneira peculiar de ser e pensar está presente não apenas em como ela percebe o mundo, mas, também, na sua escrita. O texto será publicado como livro-ilustrado. Busco, em mim mesma, a voz da escritora, mas faço isso em um contexto favorável, em que minhas palavras reverberam em outras pessoas. A percepção do mundo é um movimento de fora para dentro. A escrita é um movimento de dentro para fora. Deixar fluir, sendo quem sou, já é uma possibilidade.

UFCSPA – Quais são suas expectativas e projetos literários para 2025?

Profa. Ana Fonseca – Difícil responder. Expectativa sempre há. Quando eu tiver novidades, conto para vocês!

Lista de participações da profa. Ana Fonseca em premiações literárias em 2024

VENCEDORA – “Olé” foi uma das vencedoras no concurso de crônicas do Museu do Futebol. A crônica será publicada em um livro.

VENCEDORA – Prêmio Nelly Novaes Coelho – literatura infantil e juvenil – da União Brasileira de Escritores (UBE) pela obra “Melro-d’água”

FINALISTA – “Caramelo”, livro infantil publicado pelo selo Alice, da Editora Bestiário, venceu na categoria infantil, Troféu Carlos Urbim, da Academia Rio-grandense de Letras.

FINALISTA – “Arranha o céu” – finalista no Prêmio Ruth Guimarães de Crônicas, promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE). A crônica foi publicada em uma coletânea organizada pela UBE.

FINALISTA – “Carta a Oneyda Alvarenga” foi finalista no concurso Oneyda Alvarenga de Cartas.

FINALISTA – “Os hóspedes”, livro infantil publicado pelo selo Alice, da Editora Bestiário, foi finalista no Loba Festival.

PUBLICAÇÃO EM ANTOLOGIA – “Amanhã”, crônica, foi publicada na antologia da AGES (Associação Gaúcha de Escritores).